A linguagem da animação na sala de aula
Gabriel Cruz
Designer e Cineasta de Animação
O uso da linguagem audiovisual em sala de aula é uma das mais conhecidas maneiras de ajudar o aluno a aprender um determinado conteúdo: vídeos de experimentos, documentários sobre a vida selvagem, filmes com temas relacionados a cidadania ou valores que servem de referência a formação crítica do aluno, entre outros.
Mas e essa linguagem audiovisual chamada Animação? Como ela pode colaborar para o aprendizado?
É no fascínio dessa arte que desenhos sendo exibidos sequencialmente vão gerando a chamada ilusão da vida. E, por se tratar de sequências de imagens criadas (e não fotografadas), qualquer coisa poderá ser representada e colocada tanto na pequena tela de TV quando na grande tela do cinema.
Assim, podemos notar ângulos praticamente inexistentes, animais que falam e até mesmo seres inanimados que ganham vida.
Da mesma forma, é possível dar vida a elementos abstratos, comuns a tantas disciplinas, e animá-los de forma que fique mais fácil ao aluno o entendimento de um conteúdo. Um exemplo disso é a animação a seguir, que aborda os temas nomenclatura e modelos de representação de moléculas, para Química.
Não basta, para a linguagem da animação, servir de mera ilustração de um determinado conteúdo. É necessário algo mais, que seja capaz de atrair a atenção do aluno. Para dar potencial ao conteúdo visual animado, podemos utilizar as palavras do mestre dos quadrinhos Will Eisner:
É mais fácil ensinar um processo quando ele está envolto numa “embalagem” interessante (...), uma história, por exemplo. Quando demonstraram a capacidade de organizar elementos técnicos numa ordem disciplinada, os quadrinhos encontraram uma clientela pronta.
Da mesma forma que os quadrinhos, a criação de uma história como embalagem para um determinado conteúdo na animação chama mais ainda a atenção do aluno, pois, além de tornar o conteúdo menos abstrato, o aluno pode se relacionar afetivamente com a personagem de uma história.
Um exemplo é o curta animado The Dot and the Line: A Romance in Lower Mathematics, dirigido por Chuck Jones em 1965. Baseado no livro homônimo de Norton Juster, o curta conta a história de uma reta que se apaixona por um ponto, mas para que ela consiga conquistá-lo ela precisa aprender a se expressar. Com isso ela cria curvas e ângulos. Vários elementos das disciplinas de Matemática são abordados no filme, enquanto o espectador fica torcendo pela reta apaixonada.
Falando em Matemática, outro exemplo é o média-metragem Donald in Mathmagic Land (conhecido por aqui como Donald no país da Matemágica), em que a famosa personagem de Walt Disney se depara com um mundo gigantesco, cheio de elementos ligados à Matemática, principalmente à Geometria. Aliás, não é raro o uso dessa produção nas aulas de Desenho Geométrico.
A criação de uma história possibilita que um determinado elemento, além de se tornar concreto, ganhe personalidade. E, dependendo de como for abordado, gera no espectador afeição em relação à personagem, facilitando a absorção de um determinado conteúdo escondido nas entrelinhas (ou “entrequadros”) de uma narrativa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário